Metro 2033 tem uma história bastante interessante. Começou num blog criado por Dmitry Glukhovsky que teve bastante sucesso entre os utilizadores de internet Russos. Do blog passou para um livro que vendeu mais de 500.000 cópias e já foi traduzido para mais de 20 países. Depois do sucesso nos livros Dmitry Glukhovsky vendeu os direitos para que fosse criado um jogo e um filme.
Метро 2033 (Metro 2033 em russo), foi lançado em Março de 2010 e foi desenvolvido pela 4A Games com publicação a cargo da THQ. 4A Games é uma companhia sediada na Ucrânia (Kiev) que começou pela mão de ex-trabalhadores da GSC Game World (outra companhia de jogos Ucraniana) que é conhecida pelo jogo S.T.A.L.K.E.R: Shadow of Chernobyl. Depois do lançamento de S.T.A.L.K.E.R. Oles' Shiskovtsov e Aleksandr Maksimchuk criaram 4A Games e usaram os seus conhecimentos adquiridos no desenvolvimento do motor de jogo de S.T.A.L.K.E.R. (X-Ray Engine) para criar o 4A Engine.
Porquê esta introdução gigantesca? Porque Metro 2033 é um jogo totalmente criado na Europa do Leste e não é lá muito frequente a cultura ocidental ser exposta por conteúdos da Europa do Leste, apesar de Portugal ter bastantes emigrantes, continua a ser uma cultura bastante fechada para nós. Mas vamos então para a análise deste grande jogo.
História: Metro 2033 passasse em Moscovo, Rússia. Depois da superfície da terra ter sido devastada por ataques nucleares, o inverno nuclear e a radiação obrigaram as pessoas a instalarem-se no Metropolitano de Moscovo. É aqui que se desenrola grande parte da aventura de Artyom. O jogador vai ter de passar por várias estações de Metro que são controladas por grupos com distintas ideologias políticas. Existem estações controladas por Nazis, outras por Comunistas, outras ainda por bandidos. Para além disto a radiação nuclear e a natureza uniram-se para criar monstros que assolam os humanos dentro do Metro. A sobrevivência naquelas estações fica em risco quando os The Dark Ones (monstros) começam a aumentar os ataques contra os humanos. Artyom é assim obrigado a entrar numa grande aventura que o vai levar a várias estações de Metro e à superfície desolada de Moscovo para conseguir ajuda para a sua estação. Dmitry Glukhovsky criou um mundo bastante interessante com uma mistura de facções que dão um aspecto muito interessante à história. Também existe uma dose de thriller psicológico onde os monstros tentam levar Artyom à insanidade. Já tinha curiosidade sobre Metro 2033 mas depois de jogar o jogo, fiquei mesmo com vontade de ler o livro.
Apresentação: Metro 2033 vê-se que foi um jogo feito com muito carinho. Ninguém deixa de reparar na quantidade de detalhe e de tempo que os programadores perderam a recriar as estações de Metro. Vamos ver pessoas nos bares a falar de coisas que se passam por aquele mundo, vamos ver pessoas a trabalhar e outras nos mercados a negociar. Vê-se que os programadores quiserem realmente fazer justiça ao livro de Dmitry Glukhovsky.
No departamento gráfico a experiência varia bastante se o estiverem a jogar num PC ou numa Xbox 360. Na Xbox 360 não se pode dizer propriamente que é um jogo estelar. Os gráficos apresentam uma mistura de efeitos espectaculares e outros maus. De vez em quando a frame rate também sofre, mas no geral o jogo corre bastante bem na Xbox 360. Mas se jogarem Metro 2033 num PC potente, vão poder experiênciar gráficos verdadeiramente magníficos graças ao tempo que os programadores demoraram a polir este jogo para o PC e graças à inclusão das mais avançadas técnicas gráficas só possíveis com o DX11.
Jogabilidade: Metro 2033 é um FPS e como grande fã de FPS que sou, fiquei bastante surpreendido com a possibilidade de podermos jogar este jogo de uma forma Stealth ou à Rambo. No entanto não posso deixar de apontar que se o jogador optar por jogar à Rambo (E em certas secções não tem mesmo hipótese) vai sentir-se frustrado com a demora de uma troca de arma, um reload ou o uso de medkit. Nos momentos mais frenéticos claramente estes sistemas não são rápidos o suficiente para ficarmos a par dos acontecimentos. Felizmente não são muitos estes momentos e se optarmos por uma abordagem mais stealth vamos ter tempo para tudo. No departamento da Inteligência Artificial do inimigo não encontrei muitas falhas. Sim existem alguns inimigos que não sabem realmente o que estão a fazer no Metro de Moscovo mas existem outros que conseguem ser verdadeiras ameaças à nossa existência. Também existência de vários tipos de monstros e de inimigos humanos faz com que nunca fiquemos fartos de lutar contra eles.
Digno também de um mundo pós-apocalíptico estão as armas e a escassez de recursos no jogo. As primeiras armas que Artyom tem acesso são mesmo más e só mesmo no final é que vai ter acesso a equipamentos militares de topo. Também é preciso ser muito contido no uso de munição, pois vão existir muitas situações em que vão ficar sem ela, isto obriga a que o jogador tenha de procurar munições em corpos mortos ou em caixas. Para piorar ainda a situação há que ter atenção também à máscara de gás e aos filtros, pois quando o jogador entra em sítios tóxicos ou sobe à superfície, necessita da máscara para não morrer. Resumindo, Metro 2033 é um FPS muito bom, rico na forma como podemos abordar as situações e que introduz muitas variáveis em que o jogador tem de estar atento para não ficar a meio do caminho sem munições ou sem máscaras de gás. Uma experiência de sobrevivência ao seu mais alto nível.
Notas finais: Metro 2033 é uma aventura e tanto. No entanto fico com a sensação de que podiam ter feito as passagens pelas estações de Metro um pouco mais extensas, com a adição de algumas side quests (ajudar pessoas, ou algo do género). Existem alguns picos de dificuldade e alguns momentos onde não é muito claro o que o jogador tem de fazer ou para onde tem de ir, mas não é nada que manche o nome de Metro 2033.
Metro 2033 é também uma experiência curta e linear, mas que acaba por ser realmente inesquecível! Possuí uma história muito boa, com um ritmo certo e sem secções de palha. Pode não estar tão polido a nível de jogabilidade como um Call of Duty ou como um Halo Reach mas é sem dúvida um FPS muito acima da média e vale mesmo a pena descerem até às estações de Metro 2033.